Devo me preocupar com meu sotaque em inglês?

O que é o sotaque brasileiro no aprendizado de idiomas?

Devo me preocupar com meu sotaque em inglês?

Quando e como estudar para melhorá-lo? 

Todo mundo tem sotaque, já que se trata de um fenômeno cultural em que percebemos uma forma de falar característica de um país ou de uma região.

Tanto o inglês, quanto o português, e outros idiomas que também são falados por milhões de pessoas, são pronunciados de múltiplas maneiras ao redor no mundo. 

Os brasileiros lidam com as mesmas tendências de sotaque em idiomas estrangeiros, mas as apresentam em diferentes níveis.

É comum que apareçam as dúvidas mencionadas no processo de aprendizagem de inglês, e vamos respondê-las neste artigo com algumas dicas de como estudar Accent partindo do português brasileiro.

Características do sotaque brasileiro e seus problemas

Não importa a região do Brasil, estudantes tendem a desenvolver hábitos similares de pronúncia da língua inglesa devido às características específicas do português brasileiro com que estão acostumados, principalmente nos âmbitos de entonação, ritmo e fonética. 

Algumas das principais tendências do sotaque brasileiro são:

→ Pronunciar “I” no final das palavras indevidamente

Em diversas localidades do Brasil, costuma-se pronunciar o som de “i” ao fim de termos que são escritos com “e”, como: verdade, fale, quase, entre outros; assim como acrescentar “i” ao fim de palavras terminadas com consoante, como o nome David quando pronunciado “deividi”.

É extremamente comum que, ao pronunciar o final das palavras com um “i” indevidamente, isto seja um erro sério e não somente uma marca do sotaque brasileiro, pois o som de “i” muda o sentido original da palavra com frequência, ocasionando a formação acidental do diminutivo, como quando o som é adicionado ao fim de “dad”, ou ocasionando outra derivação do significado original, como a que acontece entre “space” e “spacey”: 

Dad = pai

Daddy = papaizinho, ou gíria de caráter sexual referente à um homem

Space = Espaço

Spacey = Espacial, ou gíria para distraído ou incoerente, podendo referir ao uso de drogas ilícitas e/ou alteradoras de consciência

Como exemplificado acima, a pronúncia correta da palavra “space” enfatiza a sílaba “spa”, enquanto a pronúncia errada enfatizando o final da palavra com o som de “i” modifica seu sentido, pois se assemelha à pronúncia de “spacey”.

Quem comete esse erro precisa estudar a pronúncia correta deste vocabulário, já que ele pode ocasionar no desvio do contexto da frase. 

Acesse sites confiáveis de exemplos de pronúncia, como o Forvo. Escute e repita termos como fine, chocolate, love, hate, name, space, entre outros terminados em “E”, se eles representarem um obstáculo para você, ou termos como dad, David, sad, flat, static, medic, entre outros terminados em consoantes como “D”, “T” e “C”, se você costuma acrescentar um som de “i” após a letra final nestes casos.

→ Pronunciar “LL” como “U” após vogal

Já esta tendência dos brasileiros não é tão grave quanto a anterior.

No português, as palavras terminadas em vogal seguida de “L” são pronunciadas da mesma forma que as terminadas em vogal seguida de “U”, por exemplo: “mal” e “mau” se pronunciam da mesma forma, assim como o fim de “céu” e “mel”, “gol” e “falou”, etc.

Porém, no inglês, é tecnicamente incorreto aplicar som de “u” ao “L” ou “LL” após vogal.

Caso perceba que está fazendo isso, foque primeiramente em dominar a pronúncia de vocábulos frequentes, como will, call, fell, fall…

É possível argumentar que a maioria de nós até mesmo os que tem alto nível de conhecimento de inglês, tende a “abrasileirar” até certo ponto o “L” pós-vogal.

Felizmente, este hábito não interfere tanto na compreensão de frases, já que ainda soa próximo do ideal, e não altera o sentido da palavra acidentalmente.

→ Pronunciar “TH” como “T” ou “D”

Em nosso idioma não existe a junção de “T” com “H”, o que acaba levando brasileiros à uma simplificação quando se tem dificuldade para dominar as expressões orais do TH no inglês.

Isto é pouco grave em alguns casos e mais grave em outros, especialmente devido ao caráter mutante do “TH”, portanto é crucial investigar e memorizar como se falam o “TH” desvozeado (θ) de thanks, thin, math, something, thought, etc, e o “TH” vozeado (ð) de the, this, that, mother, brother, father, though

Por exemplo: “Father” costuma ser pronunciado pelos brasileiros como “fader” pois o “TH” vozeado realmente soa mais próximo de um “D” nesta palavra (mas não é exatamente igual), e apesar de não ser correto, este hábito não compromete a comunicação em inglês.

Já palavras onde o “TH” é pronunciado de uma forma que não se assemelha a nenhum fonema do português podem ser um problema, como “thought” e “thin”, onde a ponta da língua deve tocar a ponta dos dentes superiores, permitindo leve passagem de ar.

Muitos brasileiros sentem dificuldade de aprender esta questão física atrelada ao padrão da fonética anglófona e acabam pronunciando o “TH” como “T” ou como “S”, o que pode alterar o sentido da palavra:

Thin = magro, fino, afinado, delgado

Tin = lata

Sin = pecado

Thought = pensamento

Taught = ensinou

Sought = procurado, solicitado

Quadro mostra um um pedaço de papel escrito English course

→ Igualar a pronúncia de falsos cognatos em inglês

Você consegue distinguir bem a pronúncia de “word” e “world”? Você acha que existe diferença entre “for” e “four”? E entre “they’re”, “there” e “their”?

Realmente, pode ser confuso tentar identificar quais termos de escrita similar em inglês são pronunciados exatamente da mesma forma e quais se divergem, por isso os chamamos de falsos cognatos.

Nos exemplos acima, word e world são diferentes, enquanto for e four, assim como they’re, there e their, são idênticos entre si.

Sempre que surgir a dúvida a respeito de equivalências fonéticas, faça uma pesquisa online para verificar.

É importante dar atenção ao estudo da diferença entre os sons e exercitar a fala, caso perceba que está confundindo duplas como world e word.

World = mundo

Word = palavra

→ Confundir palavras similares em inglês e português

Há diversos termos em inglês cuja escrita se assemelha à do português.

Especialmente no caso de pessoas que costumam focar primeiro na leitura para estudar, às vezes conhecendo novas palavras pelo texto sem pesquisar sua expressão oral, há uma tendência a “abrasileirar” palavras como:

Patience = paciência

Music = música

Emotion = emoção

É importante evitar que esse hábito ocorra de forma extrema, pois há um ponto em que a compreensão fica comprometida.

Ou seja, o sotaque brasileiro em si não é um problema, mas se aparecer de forma extrema, pode alterar demais um termo que, ao vermos pela primeira vez, tendemos a automaticamente pronunciar de forma semelhante à sua tradução em português. 

No caso de “emotion”, por exemplo, é comum que brasileiros leiam o final “ion” de forma literal, pois assim o fazemos em português, além de que “ion” soa bastante parecido com “ão”.

É comum também que transformem o som do “T”, que deve ser similar ao “SH” nesta palavra, em “C” ou em um “T” literal.

Leia abaixo a indicação da pronúncia das três palavras através do Alfabeto Fonético Simplificado (AFS):

Patience = pay – shns

Music = myoo – zic

Emotion = ee – mow – shn

Quando e como estudar Accent?

Estudar sotaque faz parte do aprendizado de inglês, pois sempre é necessário alcançar um equilíbrio entre a expressão do seu sotaque natural e a forma como as pessoas que você deseja se comunicar se expressam.

Para além de eventualmente corrigir inclinações problemáticas como as mencionadas até então, é importante estudar e comparar a fonética padrão internacional do idioma e as fonéticas regionais.

→ Os diferentes accents do inglês

Primeiramente, é evidente que cada região anglófona tem seu sotaque, inclusive se diferenciando entre os diferentes estados dos países, assim como acontece no Brasil.

É possível que sua preocupação com seu sotaque esteja ligada mais às particulares do sotaque no país ou na região que você pretende visitar, como muitas vezes é o caso do Reino Unido: há tendências do português brasileiro relacionadas à pronúncia do “R” que são muito diferentes do som de “R” no sotaque britânico, por exemplo, especialmente quando em comparação com o americano.

Se possui um destino onde irá falar inglês, foque primeiramente em compreender o sotaque local, como escocês, canadense, texano, novaiorquino, sul-africano, australiano, neozelandês, jamaicano, entre diversos outros, o que permitirá o desenvolvimento da sua expressão oral.

Pesquise sobre as características do inglês regional em questão e procure ter bastante contato com o sotaque antes da viagem.

→ Pronúncia padrão do alfabeto, sílabas e frases

Ao mesmo tempo, é sempre crucial ter contato com a forma padrão de se falar o alfabeto, decorar o som de junções comuns de letras e sílabas, assim como a entonação de termos e frases, incluindo o ritmo de fala.

Quando treinamos a pronúncia padrão do alfabeto e das sílabas desde o início do processo de aprendizado, criamos uma base de conhecimento que auxilia a não desenvolver tendências extremas do sotaque brasileiro no inglês.

Obviamente, escutar e repetir a pronúncia correta das letras é um passo insubstituível no estudo de Accent padrão, mas não é o único.

Existe um alfabeto feito para escrever como se pronunciam as palavras: o Alfabeto Fonético Internacional (AFI), um sistema de notação encontrado em dicionários, composto de 157 caracteres que representam os possíveis sons emitidos internacionalmente, em qualquer idioma. 

Familiarize-se com o Alfabeto Fonético Internacional e desenvolva o hábito de sempre anotar novas palavras com a indicação tanto dos fonemas padronizados neste sistema (AFI), quanto na sua versão simplificada (AFS):

Patience → peɪ · ʃɪns (AFI) → pay – shns (AFS)

Há também de se prestar atenção aos sons em frases como um todo, notando que algumas possuem termos conectados foneticamente.

Como o “E” no fim de “love” não tem som, conectamos o termo com o próximo, “you”, pois ele começa com vogal:

I love you → I lovyou

Em conclusão, sempre será necessário estudar Accent.

No nível iniciante, é indispensável uma atenção à fonética padrão do inglês, mas estudantes em todos os níveis precisam buscar aproximar sua pronúncia da versão estabelecida como referência internacional.

Além de procurar ouvir como os anglófonos pronunciam os termos, é também muito importante treinar a expressão oral, atentando-se aos movimentos da boca e da língua, notando como sutis reposicionamentos modificam o som emitido, e analisando versões escritas dos termos que representam sua fonética. 

Em níveis mais avançados, o desafio se torna corrigir ou amenizar as tendências de “abrasileiramento” que acabaram se tornando manias ao longo do tempo.

E em situações de viagem, se o estudante planeja visitar ou morar em um país em que se fala inglês, será muito útil incluir nos estudos as características específicas regionais de pronúncia do destino, com o objetivo de se comunicar da melhor forma possível durante a permanência no estrangeiro.

Dê preferência à materiais didáticos e de entretenimento que lhe coloquem em contato constante com o jeito que as pessoas falam no país ou região.

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