10 Mitos sobre Aprender Inglês que Limitam sua Fluência

Descubra como estas crenças limitantes sabotam o aprendizado e distanciam muitos brasileiros do sonho de ser fluente em inglês

Existem muitas crenças populares sobre aprender inglês que não passam de mitos: ideias que nós, brasileiros, repetimos como se fosse verdade por já termos escutado aquilo antes muitas vezes, inclusive de pessoas que já são fluentes em outras línguas. Infelizmente, há estudantes de inglês que fazem péssimas escolhas com base em uma mentalidade limitante e acabam sabotando a própria aprendizagem. 

Neste artigo, vamos analisar os pontos falsos e verdadeiros por trás de 10 mitos sobre aprender inglês que são reproduzidos com frequência, e entender por que acreditar neles nos distanciam dos níveis avançados do idioma.

Mito 1 – “Só se aprende inglês em uma escola de idiomas tradicional.”

Aprender uma língua estrangeira nem sempre fez parte do currículo básico das escolas brasileiras.

Aprovada em novembro de 1996, a Lei Nº 9.394 re-introduziu as línguas estrangeiras como disciplinas obrigatórias da 5ª série do Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, mas o processo infelizmente encontrou desafios de implementação e o Brasil viu uma estagnação metodológica no ensino de idiomas estrangeiros.

Ao mesmo tempo, o novo processo de globalização na era pós-internet foi tornando cada vez mais atraente o domínio de inglês nos currículos dos profissionais, então criou-se uma grande demanda por cursos livres.

Esta foi a receita que resultou na percepção popular do estudo de inglês como um privilégio acessado pelas classes capazes de pagar por aulas melhores que as aulas nas escolas, uma das mais frequentes crenças brasileiras em torno do assunto.

Em tempos mais recentes, o grande número de escolas de idiomas no Brasil, além de todo o conhecimento acessível a nível mundial pela internet, garante uma ampla variedade de preços e metodologias, o que contribui para que muitas pessoas optem por cursos mais baratos ou aprender de forma autônoma através de plataformas digitais gratuitas.

Por outro lado, a variedade de fontes pode causar confusão e desmotivar o estudante, que acaba acreditando que só pode confiar em uma escola de idiomas tradicional, de nome reconhecido, quando existem investimentos como aulas particulares online com um bom professor, que poderiam fazer mais sentido para sua realidade.

Apesar de ser muito benéfico realizar um curso tradicional de inglês, existem muitos casos de estudantes que passaram anos matriculados na escola de idiomas e saíram sem terem se tornado fluentes, assim como inúmeros outros casos de pessoas que alcançaram a fluência sem jamais investir em cursos livres tradicionais.

Existem diversas formas de adaptar os estudos ao orçamento disponível, seja ele qual for, e até mesmo se não houver um. Vale muito a pena estudar mesmo sem investir nenhum centavo em cursos e materiais.

Uma variação deste mito é a falsa ideia de que você só pode obter um certificado oficial de proficiência através de uma escola.

Qualquer pessoa pode se inscrever para realizar provas como IELTS ou TOEFL, inclusive esta é uma ótima forma de comprovar sua capacidade no currículo (qualquer que seja o seu nível) e impressionar recrutadores.



Mito 2 – “Depois de adulto, fica muito mais difícil aprender.”


O investimento em aprender inglês sempre beneficia qualquer pessoa interessada, independente da idade.

Não existe um momento em que nos tornamos incapazes de absorver novas informações. Claro, a idade pode trazer eventualmente, por exemplo, uma maior dificuldade para memorizar o conteúdo, mas sempre costuma trazer muito mais motivação e interesse genuíno pelo estudo, por compreender como ele é útil.

Há pontos positivos e negativos em começar a estudar inglês na idade adulta, mas com certeza não é possível caracterizar a experiência como sempre pior que começar ainda quando criança.

Começar na infância pode ser muito benéfico, mas não há garantia que a criança não se tornará bilingue apenas porque começou a estudar inglês cedo.

Em comparação com um adulto com muita determinação e disciplina nos estudos, o mais provável é que quem começou quando criança ainda esteja estudando 8 anos mais tarde, enquanto aquele adulto pode ir do básico à fluência em 5 anos.

Outro fator relevante é que a pressão de aprender inglês fora da escola pode intimidar uma criança, algo que não acontece tanto com adultos.

Quadro mostra um jovem segurando uma bandeira do EUA

Mito 3 – “Só se torna fluente mesmo quem vai morar no exterior.”

A parte que é verdade nesta lógica é que, realmente, indo para um país em que se fala inglês, o estudante em geral aprenderá muito mais rápido, e pode adquirir um vocabulário prático e atual até mesmo sem perceber.

Só que isso não quer dizer que só se torna fluente em idioma estrangeiro quem consegue morar fora do Brasil. 

A jornada desde o nível iniciante até a fluência pode ter qualquer duração, pois depende de muitos fatores, mas existe uma métrica de níveis de inglês aceita internacionalmente que prevê o tempo de estudo de cada nível.

Sem a oportunidade de ir ao exterior, de acordo com as estatísticas em que se baseiam os cursos tradicionais, a média de horas necessárias para avançar são:

NívelTempo médio de aprendizado
A1Entre 80 e 100 horas
A2Entre 180 e 200 horas
B1Entre 350 e 400 horas
B2Entre 500 e 600 horas
C1Entre 700 e 800 horas
C2Entre 1.000 e 1.200 horas

Ou seja, após você dedicar um total de 1200 horas ao estudo de inglês, muito provavelmente terá alcançado a fluência: é totalmente possível, somente variável em relação ao tempo total de fato na vida de uma pessoa em que se distribui as horas de estudo.

Por exemplo, o total de 1200 horas equivale a 20 horas por mês durante 60 meses (ou 5 anos), e 20 horas mensais podem ser dividas em uma aula semanal de 5 horas, duas aulas semanais de 2 horas e meia, entre outros cronogramas.

Mito 4 – “Melhor só tentar conversar quando estiver errando pouco.”

Na verdade, é melhor tentar conversar o quanto antes para errar cada vez menos.

A vergonha de cometer erros impede muitos estudantes de tentar falar inglês.

Contudo, a prática da expressão oral é indispensável na jornada rumo à fluência e exercitar esta capacidade através de conversação é uma das formas mais eficazes de estudar. Alguns dos pensamentos mais sabotadores são: 

“É irritante falar com alguém que erra muito” – Isto não é verdade, se irritar com erros é questão de personalidade, e a maioria das pessoas irá se esforçar para te compreender;

“Vai ser constrangedor se corrigirem meu inglês” – Pelo contrário, é importante ter pessoas por perto que educadamente corrigem seus erros quando os notam, pois isso irá lhe ajudar muito a não repeti-los.

Mito 5 – “Só precisa dominar inglês nas grandes áreas urbanas.”

A utilidade de fato do inglês sempre depende de vários fatores. No caso profissional, objetivo de um trabalhador é se destacar no mercado e, nas grandes áreas urbanas, dominar inglês acaba sendo um pré-requisito de praticamente qualquer vaga para quem tem Ensino Superior.

Contudo, em regiões onde há menos profissionais fluentes em inglês, caso você tenha o idioma como fluente no currículo, provavelmente haverão mais oportunidades de trabalho para você.

Em outras palavras, é verdade que fora das metrópoles as oportunidades de usar o inglês tendem a ser menos frequentes, mas “precisar” é relativo: existem muitos motivos para considerarmos inglês útil e até mesmo necessário em áreas pouco urbanizadas, seja em situações profissionais ou não.

Saber inglês aproxima o brasileiro do resto do mundo, facilitando conexões entre pessoas e estimulando a abertura para diferentes culturas.

Mito 6 – “Todos os bons cursos e materiais de inglês são caros.”

Como já mencionamos no item 1, a demanda e oferta de cursos livres de inglês proporcionou ao brasileiro um grande leque de opções.

Mas um pouco diferente da noção por trás do primeiro mito, pode ser que um estudante fique preso na crença de que apesar de existirem muitas formas de estudar, sempre haverá um melhor resultado se o investimento financeiro for alto. Isto é totalmente falso: métodos comprovadamente eficazes são usados em cursos gratuitos ou de baixo custo, e vários são considerados excelentes.

Para desbancar de vez este mito, abaixo estão listados três iniciativas de ensino de inglês com opções de cursos gratuitos comprovadamente eficazes:

  • Programa Idiomas Sem Fronteiras (IsF): O programa do Ministério da Educação visa a capacitação em idiomas estrangeiros e a internacionalização do Ensino Superior no país oferecendo aulas gratuitas para estudantes, técnicos e docentes de instituições de ensino superior cadastradas, e professores da educação básica.
  • Cursos de Escrita na EDX.com: A plataforma educacional EDX é reconhecida pelos cursos eficazes em diversas áreas ministrados em inglês. A seção com aulas de Writing é perfeita para quem deseja aperfeiçoar a fluência escrita. Existem muitas opções gratuitas desenvolvidas por instituições respeitadas, como o curso Rhetoric da Harvard University atualmente disponível.
  • Voice – Inglês para Elas: O projeto social coordenado por pessoas voluntárias é voltado para proporcionar à mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica acesso ao estudo do idioma de forma gratuita e ainda recebendo um auxílio-transporte. As aulas são presenciais, aos domingos, das 15h às 18h, nas instalações do Projeto Viver, região do Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Assim como o Voice, existem iniciativas similares em outras regiões e estados brasileiros.

Mito 7 – “É só não parar de estudar que um dia eu me torno fluente.”

Infelizmente, é possível estudar a vida inteira e não se tornar fluente caso o método de ensino não esteja funcionando, não exista disciplina na abordagem, ou o material não ensine corretamente.

As 1200 horas descritas no item 3 para alcançar o nível C2 de inglês são horas produtivas, que envolvem realmente estudar, não somente um contato superficial com o idioma. Igualmente, caso as 1200 horas sejam distribuidas em 10 anos e o estudante não tenha a disciplina de revisar conteúdos anteriores, é provável acabar esquecendo conceitos básicos e precisando de mais tempo em novos assuntos a medida em que avança.

Mas a ideia de que se você continuar estudando eventualmente se tornará fluente não está totalmente errada: isto é verdade na maioria das vezes.

A ilusão está em acreditar que isto é verdade mesmo quando o estudante não se esforça o suficiente e não segue um cronograma com disciplina, ou quando não usa uma metodologia eficaz.

Mito 8 – “Quem é fluente em inglês não fala com muito sotaque.”

Ao contrário do que esta crença impõe, na realidade não há problema algum em ter um sotaque forte.

As características regionais são normais, e o jeito exato que uma pessoa fala é sempre uma mistura do seu sotaque nacional (por exemplo: de quem fala português do Brasil), com seu sotaque regional (por exemplo: de quem é do Rio Grande do Sul), com o sotaque nacional ou regional do inglês que a pessoa aprendeu (por exemplo: sotaque britânico, especificamente escocês ou outro sotaque regional britânico). 

Pronunciar tudo corretamente, com ou sem sotaque, é a forma “fluente” de se falar: outras pessoas que são fluentes em inglês irão compreendê-lo desde que você não cometa erros de inglês.

Atenção: “abrasileirar” uma palavra estrangeira ao ponto de confundir totalmente os sons, como dizer “ple” e não “pou” ao pronunciar “simple”, é onde está o erro.

Mito 9 – “Não preciso ser fluente morando no Brasil.”

Existem muitas vantagens de ser fluente mesmo se você não usar inglês todos os dias.

Quem é fluente consegue compreender detalhes e nuances de significado em filmes, músicas e livros que pessoas não-fluentes jamais imaginam, mesmo quando estão em contato com uma obra traduzida para português.

Inclusive, se há ocasionalmente alguma tradução mal-feita, a pessoa que domina o idioma original é capaz de perceber o erro pela quebra da lógica ou pela escolha de termos traduzidos ao pé da letra.

Vale lembrar também que pode acontecer alguma situação em que, de repente, o inglês será necessário.

Pode ser que você conheça alguém de outro país com quem quer se comunicar (imediatamente), pode ser que você receba uma grande oferta da trabalho que exige a fluência, entre tantas outras circunstâncias inesperadas.

Mito 10 – “Não tenho o tempo e a energia necessários para ser fluente em inglês.”

Por fim, é importante desmascarar o mito de que inglês é extremamente difícil de aprender, portanto deve sempre demandar muito tempo e energia.

Na realidade, dedicar menos tempo aos estudos somente significa que a pessoa irá demorar mais para aprender, mas de forma alguma significa que jamais será fluente. 

Em uma análise mais profunda, podemos constatar que não existe uma quantidade exata de tempo e energia necessária para aprender, sendo que um cronograma de estudos pode e deve ser determinado em relação direta com a disponibilidade do estudante, de forma realista e de exigência não apenas suportável, mas estimuladora.

Somente quem estuda sabe por quantas horas por semana consegue dispor de energia o suficiente para focar e absorver conteúdo.

Apesar de existir um fundo de verdade neste mito em casos onde a pessoa deseja estudar mas realmente vive um cotidiano conturbado demais para começar (como alguém que trabalha 6 ou 7 dias por semana em turnos longos, ou que tem filhos pequenos, etc), a maioria das pessoas que repete essa frase costuma de fato dispor de mais de cinco horas livres por semana que poderiam ser voltadas ao inglês.

Perceber a existência deste tempo e energia passa por uma organização atenciosa de prioridades (como preferir descansar no sábado e estudar no domingo) e/ou a criação de um cronograma realista.

É possível se tornar fluente dentro do tempo médio estimado mencionado anteriormente de 5 anos, estudando uma hora por dia após o expediente (cinco dias por semana) e até mesmo acelerar o processo mantendo um contato cotidiano disciplinado com o idioma através de, por exemplo, podcasts em inglês para os trajetos de ida e volta do trabalho, ou então para ouvir durante o almoço.

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