10 dicas para superar a inibição na sala de aula
A timidez é uma emoção comum que está ligada aos sentimentos de vergonha, nervosismo, insegurança, ansiedade, medo e desconforto.
Em geral, a pessoa tímida evita ao máximo se expor aos outros, sobretudo quando trata-se de desconhecidos ou, pior ainda, de um público.
Naturalmente, os comportamentos consequentes da timidez excessiva causam certos problemas no âmbito profissional.
No caso de um professor de inglês, essa emoção pode surgir por diversos motivos.
Há muitos casos de pessoas que tem desejo de ensinar e, quando finalmente pisam em uma sala de aula pela primeira vez, percebem que tem vergonha de falar em público na posição de professor.
Há aqueles que sentem que realmente estão despreparados, há aqueles que sentem dificuldade em assumir uma posição de autoridade, há pessoas que tem fobia social, entre tantos outros contextos.
Felizmente, algumas práticas podem ajudar a encarar este grande problema e enfim superá-lo.
1 – Faça cursos
Esta é uma dica bem ampla pois pode se encaixar em diversas situações.
Para quem está iniciando a carreira como professor de inglês e ainda não possui uma formação ligada ao ensino de idiomas, a falta de base pode estar trazendo auto-questionamentos.
Seja uma Licenciatura em Letras, uma pós-graduação em Pedagogia, um curso em uma escola de idiomas para obter a certificação de proficiência C2, ou outros cursos para professores, é importante refletir se a timidez está atrelada ao sentimento de despreparo e, se for o caso, buscar preencher essa lacuna na formação.
Para quem já possui uma formação completa mas ainda se sente tímido na sala de aula, é interessante realizar cursos que estimulem a desinibição, como aulas de oratória, ou de teatro, ou de gestão de pessoas, entre outros.
Além de tudo que é possível aprender em um curso, se colocar no lugar de estudante novamente também proporciona uma perspectiva interessante, com a qual você pode refletir sobre o tipo de professor que você quer ser.
2 – Pratique exercícios de desinibição todos os dias
Sejam os exercícios aprendidos em um curso de oratória ou algo que você encontrou na internet, existem muitas formas de praticar a desinibição, e fazer um esforço diário pode causar um grande impacto positivo na auto-estima e aumentar sua confiança.
Um problema comumente atrelado à timidez e a ansiedade é a interrupção de um fluxo mental com pensamentos intrusos, como auto-questionamento excessivo.
Por exemplo, enquanto explica um conceito, um professor pode se pegar pensando em como sua voz está alterada pelo nervosismo e, de repente, perder a linha de raciocínio que seguia antes por se fixar demais neste pensamento intruso.
Existem exercícios para treinar ou facilitar a atenção nestes casos, como numerar todos os tópicos a serem abordados na aula para seguir a ordem numérica e se reorganizar mais facilmente, caso se perca.
Paralelamente, diversos exercícios de improvisação praticados em aulas de teatro também podem ser úteis neste contexto, em que com alguma criatividade, é possível “improvisar” (aceitar o fluxo de acontecimentos e agir em cena com coerência) para contornar qualquer situação embaraçosa.
Para não se ver nesta posição ilustrada acima, em que você precisa contornar a distração sendo causada pela timidez, o mais importante é praticar a desinibição diariamente para parar de sofrer as consequências de ser tímido.
Incorpore auto-afirmações de coragem e proatividade no seu cotidiano (crie seu próprio mantra, como “eu não tenho o que temer” ou “olho no olho”, algo que seja exatamente o que você precisa ouvir), tente falar por mais tempo com as pessoas e se abrir mais com quem você conversa no dia a dia, tente iniciar diálogos com mais gente com que cruzar e geralmente não conversa, como o atendente da padaria ou o caixa do mercado.
Outro exercício interessante para aderir à rotina é encontrar um parceiro de conversação (por exemplo, em um app como Tandem) para estar constantemente falando em inglês com alguém, o que ajuda tanto a manter o conhecimento do idioma na ponta da língua, como te desafia a sair da zona de conforto e interagir com outra pessoa.
3 – Conheça melhor seus alunos e seja sempre simpático
Nunca comece sua jornada com uma turma sem primeiro passar a palavra para os alunos se apresentarem para você e aos colegas.
Evitar contato visual e conversas mais casuais, algo que muitas pessoas tímidas fazem até sem perceber, acaba afastando os alunos do professor, que além da inibição acaba também se sentindo sem autoridade.
Você não deve se tornar amigo dos alunos, é claro, mas na primeira aula ou no período inicial do curso, conceda algum tempo para apresentações individuais, e não se esqueça de se apresentar para os estudantes também.
Fale brevemente algumas informações sobre você, como seu nome, sua idade, a cidade onde nasceu, onde já morou, como aprendeu inglês, por quê gosta de ensinar, entre outros fatos pontuais.
Se familiarizar minimamente com seus alunos os humaniza e também humaniza a sua figura em sala de aula.
Da mesma forma, um simples sorriso ao entrar na sala e falar “bom dia” à todos cria um clima mais leve, humano, de igualdade, que só traz benefícios.
4 – Prepare e pratique os discursos para a aula
É importante ter o hábito de preparar previamente o que irá falar durante a aula e, de certa forma, decorar seus discursos.
Mesmo dominando totalmente o inglês, as limitações psicológicas e emocionais podem nos fazer “esquecer” momentaneamente qualquer coisa.
Também não há nada de errado com levar consigo uma “colinha”: sua aula toda escrita mesmo, ou apenas alguns pontos enumerando as principais frases que você precisa falar durante seu discurso do dia.
De qualquer forma, a tentativa de decorar ou, em outras palavras, praticar o discurso que você desenvolveu, lhe trará mais confiança e maior fluidez à parte explicativa da aula.
5 – Prepare aulas de acordo com suas limitações pessoais
São muitos os métodos disponíveis para ensinar inglês, e pode ser que você ainda não tenha encontrado uma forma adequada à sua personalidade.
Mas, de uma forma mais específica, pense em como minimizar aquilo que mais lhe causa problemas: por exemplo, se você tem vergonha de monopolizar a fala, talvez você se sinta mais confortável durante as aulas se convidar alunos para que leiam os textos e enunciados em voz alta – uma iniciativa que não só ajuda você, mas também estimula o aluno a usar inglês em aula.
Se quer diversificar o conteúdo, mas exercícios dinâmicos como role play (encenação de diálogo) não são seu ponto forte, opte por jogos virtuais interativos, seminários ou vídeos.
6 – Fale abertamente sobre seus pontos fracos, erros e limites
A prisão mental da timidez pode ser consciente ou inconsciente, mas este medo de errar ou de se expor pode ser combatido com honestidade e auto-aceitação.
Se você chegou à posição de professor de inglês é por quê obteve esse mérito através da sua trajetória acadêmica e/ou profissional, mas não significa que você é uma pessoa perfeita.
É um clichê, mas é verdade: todo mundo comete erros, até os professores, e está tudo bem. O grave é não admitir quando isso acontece e não aprender com os próprios erros.
Pode ser muito libertador falar abertamente sobre os próprios pontos fracos ou erros cometidos no passado, tanto para o professor quanto para os alunos.
Mesmo que você não saiba os motivos para ser tão inibido, admitir a própria limitação e falar sobre ela como um ponto fraco que você está buscando superar também é benéfico.
É frequente que os tímidos sofram quando suas ações são interpretadas como desinteresse, rigidez, antipatia, etc, e jamais deve-se presumir que os outros já sabem ou irão compreender sozinhos este lado da sua personalidade.
7 – Busque experiências que te desafiem no tempo livre
Na hora de descansar, geralmente evitamos sair da zona de conforto.
No caso das pessoas mais acanhadas, isso costuma ser assistir séries ou outra atividade que não envolva muita interação.
Contudo, para exercitar seu tato social sem deixar de se divertir, opte por atividades de lazer que envolvam encarar esse medo de exposição e interatividade, como começar a frequentar bares de karaoke e saraus.
8 – Leve o problema para a terapia
Caso faça psicoterapia, explore junto ao seu terapeuta os motivos para suas tendências anti-sociais, e as possíveis soluções para esta inibição excessiva.
Se não está fazendo acompanhamento psicoterapêutico, é importante buscar essa ajuda profissional, principalmente se já tentou superar o problema sozinho por algum tempo, sem sucesso.
Existe uma condição dentro de quadros de ansiedade chamada “fobia social”, algo comparável à uma introversão extrema, que evolui para uma verdadeira incapacidade de encarar situações sociais cotidianas.
O profissional especializado da área da Saúde ou da Psicologia (psicoterapeuta, psicanalista, psiquiatra) é capaz de avaliar as especificidades de cada caso e determinar um tratamento, que pode incluir desde exercícios como alguns dos já mencionados neste artigo até medicação para ansiedade.
9 – Faça exercícios de respiração para relaxar antes da aula
Vencer o obstáculo de ser demasiadamente acanhado depende de hábitos e novas perspectivas.
O nervosismo atrelado à timidez pode ser tão grande ao ponto de ser sentido até mesmo na forma de aumento da frequência cardíaca e falta de ar.
Se este for o seu caso, é indispensável aprender técnicas de relaxamento como exercícios de respiração.
Separe sempre cerca de 20 minutos antes de todas as aulas para meditar, ou simplesmente se concentrar na própria respiração. Inale e exale por completo, ou seja, enchendo e esvaziando totalmente os pulmões, e conte o tempo que cada ciclo dura.
Perceba como, ao longo deste período de relaxamento, você levará cada vez mais tempo para realizar um ciclo respiratório completo.
Lembre-se de que, em repouso, um adulto saudável e calmo leva entre 12 e 15 segundos para inalar e exalar totalmente.
10 – Opte por aulas particulares
Cada profissional tem um tipo de ambiente em que seu talento irá brilhar mais. Algumas pessoas “são feitas” para a sala de aula: sentem-se bem ao falar com um grupo grande de pessoas ao mesmo tempo.
Dentro desta parcela de professores, algumas pessoas tem mais afinidade com o ensino infantil, outras preferem uma turma de adultos, algumas optam por ensinar inglês em escolas públicas, outras em escolas particulares, ou então em escolas de idiomas…
Pode ser que você goste de ensinar para grandes grupos, mas ainda não encontrou o tipo de turma com o qual se sente mais à vontade.
Além das opções de turmas maiores, há também a possibilidade de ensinar turmas menores ou dar aulas particulares.
Caso seu nervosismo esteja ligado a administrar grupos grandes e não necessariamente a interagir com os alunos em si, tornar-se um tutor particular autônomo ou agenciado é uma solução que independe da superação da timidez
(Arantxa Pellicer Meira) é graduada em Cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina e trabalhou como tradutora e professora de Inglês de 2017 a 2021