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Uma análise aprofundada sobre os rankings internacionais, os desafios estruturais da educação, o bilionário mercado de idiomas e o custo da falta de inglês para o futuro do país.
A globalização, impulsionada pela internet, estabeleceu uma comunicação constante e instantânea entre os mais diversos países, que ocorre principalmente no idioma inglês. Diante disso, o domínio dessa língua deixou de ser um diferencial no currículo para se tornar um requisito básico para diversas áreas da vida, como contratações, desenvolvimento pessoal e abertura de oportunidades além das fronteiras — fatores que também impulsionam o progresso do próprio país.
Sendo o Brasil uma das dez maiores economias do mundo, é fundamental analisar a capacidade de sua população de se comunicar para além da língua nativa. As consequências de um país com baixa proficiência em inglês são diversas e afetam diretamente a manutenção da desigualdade social, pois limitam profissionais e empresas ao mercado nacional. Por isso, é necessário analisar os dados para entender como o Brasil se posiciona em relação a outras nações e investigar as raízes desse problema.
Desse modo, para entender as razões por trás da deficiência no inglês da população brasileira, é essencial analisar os dados de proficiência em comparação com outras nações e seu contexto social e geográfico.
O Brasil no Mapa Global: Um Desempenho Decepcionante
Um dos modos mais respeitados de medir a proficiência na língua inglesa de um país é por meio do EF English Proficiency Index (EPI), um relatório anual publicado pela Education First que avalia as habilidades de adultos em mais de 100 países.
No relatório mais recente, o desempenho do Brasil foi classificado como “baixo”, o que posicionou o país no 81º lugar entre 113 nações avaliadas, mantendo-se ainda, abaixo da média mundial. Essa colocação reflete um nível fraco, especialmente quando comparado a países europeus e asiáticos que investem significativamente em educação bilíngue.
Tendências do EF EPI Brasil

Fonte: https://www.ef.com/epi/
O diagnóstico se torna ainda mais claro na comparação com os vizinhos latino-americanos, uma vez que países como Argentina, Chile, Costa Rica e Uruguai constantemente superam o Brasil, tendo em vista que os mesmos apresentam-se em categorias como “moderada” e “alta”.
Neste contexto, observa-se o caso da Argentina, que frequentemente lidera o ranking na América do Sul, demonstrando que o desenvolvimento econômico não é o único fator determinante, mas a existência de políticas públicas educacionais voltadas para o bilinguismo e a formação de professores. Dessa forma, o desempenho brasileiro, inferior ao de nações com economias menores, sugere que a escassez do bilinguismo é resultado da estratégia de ensino adotada, e não da falta de recursos.
Tendências do EF EPI Argentina

Fonte: https://www.ef.com/epi/
Essa posição no ranking global não é apenas um número em um relatório; essa posição no ranking global não é apenas um número em um relatório; ela cria barreiras concretas que limitam a capacidade do país de atrair eventos internacionais, sediar centros de pesquisa e desenvolvimento de multinacionais e integrar suas empresas de forma competitiva nas cadeias globais de valor.
As Estatísticas de uma nação monolíngue
A baixa colocação do Brasil em rankings internacionais de proficiência em inglês é corroborada por dados internos. Levantamentos realizados por institutos como o British Council e o Datafolha apontam que apenas cerca de 5% da população brasileira declara ter algum conhecimento da língua.
A análise desse grupo revela uma pirâmide de fluência bastante restrita. Desse total de 5%, estima-se que apenas 1% possua um domínio avançado, sendo capaz de manter conversas fluidas, participar de negociações complexas ou de atividades acadêmicas. Conclui-se, assim, que a grande parte dos falantes se enquadram nos níveis básico e intermediário, aptos a compreender de forma limitada estruturas frasais e conversas de baixa complexidade.
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Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados do British Council e Datafolha.
Essa distribuição do conhecimento reflete a desigualdade estrutural do país, transformando o inglês em um claro divisor social e geográfico. A proficiência está concentrada nas classes A e B, entre indivíduos com alta escolaridade e, territorialmente, nas regiões Sudeste e Sul. Para a vasta maioria da população que depende exclusivamente da rede pública de educação, o acesso ao aprendizado do idioma permanece praticamente nulo, tratando o inglês mais como um artigo de luxo do que como uma ferramenta de ascensão social e profissional.
O Abismo entre o Ensino Público e Privado do Brasil
A análise dos dados revela que os fatores sociais e geográficos são determinantes no acesso ao conhecimento da língua inglesa, uma realidade diretamente ligada à estrutura do sistema educacional brasileiro.
A rede pública, responsável pela formação de 80% dos estudantes do país, opera de forma distinta da rede privada, criando um abismo na qualidade e na natureza do ensino ofertado.
No sistema público, o ensino de inglês é caracterizado por deficiências estruturais:
- Carga Horária Insuficiente: A exposição mínima ao idioma, com poucas aulas semanais iniciadas tardiamente, impede um avanço consistente.
- Metodologia Ultrapassada: A priorização do ensino de regras gramaticais(verbo to be) em detrimento da comunicação oral e auditiva limita a aplicabilidade prática do conhecimento.
- Formação Docente Precária: A carência de professores fluentes, reflexo de uma formação acadêmica com pouca ênfase na prática oral e em programas de capacitação, compromete a qualidade do ensino.
- Condições de Trabalho: Turmas numerosas dificultam a implementação de atividades de conversação e acompanhamento individualizado, essenciais para o aprendizado de um novo idioma.
O sistema privado, por outro lado, apresenta um modelo oposto, especialmente nas instituições frequentadas por alunos de maior poder aquisitivo:
- Início Precoce e Carga Horária Estendida: A imersão no inglês desde a educação infantil e a oferta de programas bilíngues aceleram o aprendizado.
- Metodologias Modernas: A adoção da abordagem comunicativa, apoiada por tecnologia e materiais didáticos atualizados, foca no desenvolvimento integral das competências linguísticas.
- Professores Qualificados: A contratação de profissionais com fluência comprovada e certificações internacionais eleva o padrão de ensino.
Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tenha estabelecido diretrizes importantes, como a obrigatoriedade do inglês a partir do 6º ano com foco em sua função social, sua implementação efetiva enfrenta grandes desafios. A lacuna entre a política educacional e a prática cotidiana nas escolas persiste, uma vez que é limitada por barreiras de infraestrutura e, fundamentalmente, pela necessidade de qualificação dos professores para aplicar a nova abordagem.
O nascimento de um mercado frente a um vácuo educacional
A partir do momento em que o governo não conseguiu atender às necessidades, o mercado absorveu essa demanda. Desse modo, a dificuldade do ensino público em oferecer inglês de qualidade criou um dos negócios mais fortes e lucrativos no Brasil: os cursos de idiomas. Esse mercado movimenta uma grande quantia de dinheiro todo ano, sendo assim, quase uma passagem obrigatória para aqueles que desejam ter um bom emprego e uma carreira profissional sólida.
De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), a área de Educação é uma das que melhor resistem às crises e que mais dão lucro, destacando a importância das escolas de idiomas nesse cenário. No entanto, esse mercado também mostra como o país é desigual, já que apenas uma parte da população pode pagar as mensalidades.
O crescimento das empresas de tecnologia na educação e das plataformas online ajudou a aumentar o acesso, mas também deixou o mercado mais variado:
- Aplicativos de aprendizagem sozinho (Duolingo, Babbel): São uma forma divertida e barata de começar, mas raramente fazem o aluno falar inglês fluentemente sem mais prática.
- Plataformas com professores online (Cambly, italki): Ligam alunos a professores de qualquer lugar, focando na conversa e dando mais liberdade, mas ainda são caros para muita gente.
- Cursos online completos: Tanto escolas famosas quanto empresas novas estão oferecendo cursos online, disputando clientes com preços e métodos diferentes.
O mercado de cursos de idiomas no Brasil, movimenta aproximadamente R$ 15 bilhões anualmente, esse dado reflete claramente uma deficiência no ensino da língua estrangeira no ensino público, resultando em pessoas que buscam no setor privado, uma forma de suprir essa carência. Em contrapartida, a Argentina, um país que possui uma sólida educação bilíngue, possui um mercado pequeno, visto que o setor privado é utilizado de modo complementar, e não como preenchedor de uma lacuna.
Toda essa agitação mostra que muita gente quer aprender inglês; os brasileiros sabem que é importante e estão dispostos a gastar tempo e dinheiro com isso. O problema é que a responsabilidade de ensinar inglês, que deveria ser das escolas, acabou recaindo sobre as pessoas, que precisam pagar por cursos, a fim de se qualificarem.
.E qual é o resultado disso? No mercado de trabalho, quem não fala inglês acaba não se destacando adequadamente. A língua virou uma barreira enorme que define aqueles que terão uma boa carreira e um bom salário.
Pesquisas de empresas de recrutamento mostram que um profissional que fluente em inglês pode ganhar de 40% a 70% a mais do que alguém que não fala, mesmo fazendo a mesma coisa. Para cargos de chefia, como diretor e presidente, falar inglês não é mais um extra, virou obrigação. Em seleções para vagas que pedem inglês, mais de 90% dos candidatos são eliminados porque não têm o nível necessário.
Ademais, a falta de inglês também prejudica o Brasil como um todo, principais em aspectos:
- Menos Negócios: Empresas brasileiras perdem chances de vender para fora, fazer parcerias e receber investimentos porque não têm gente que seja capaz de conversar e negociar em inglês.
- Inovação Lenta: Fica mais difícil ter acesso a pesquisas novas, artigos científicos e tecnologias modernas, que geralmente são publicados em inglês, e isso atrasa o Brasil.
- Turismo Enfraquecido: O Brasil poderia ganhar muito mais dinheiro com turismo, mas a dificuldade de comunicação atrapalha a experiência dos turistas e eles acabam gastando menos por aqui.
- Poucos Talentos e Investimentos: A falta de pessoas que falam inglês faz com que empresas de outros países optem por abrir seus centros de pesquisa e escritórios em outros lugares, onde encontram gente mais qualificada.
Ou seja, a falta de inglês custa caro e impede o Brasil de crescer, mantendo um ciclo de baixa produtividade, salários menores e menos participação na economia mundial.
O Futuro do Inglês no Brasil: Um Caminho Estratégico para o Desenvolvimento
O Brasil enfrenta um momento decisivo em relação ao ensino de inglês. Apesar dos desafios, algumas tendências promissoras indicam possíveis caminhos para melhorar a situação. A tecnologia, quando bem aplicada, pode ser uma ferramenta poderosa nesse sentido.
A inteligência artificial (IA), por exemplo, pode ser usada para criar tutores virtuais que se adaptam às necessidades de cada aluno. Imagine plataformas de aprendizado que identificam as dificuldades individuais e oferecem exercícios e explicações personalizadas. Ou, ainda, ferramentas que corrigem a pronúncia em tempo real, ajudando os alunos a falar inglês com mais confiança e precisão.
Se essas tecnologias fossem integradas à rede pública de ensino, poderíamos diminuir a deficiência na formação de professores e oferecer um ensino de inglês mais eficiente e individualizado para todos os alunos.
Outra tendência importante é a expansão do ensino bilíngue. Antes restrito a escolas particulares de elite, o ensino de inglês em tempo integral está se tornando mais comum em outras instituições privadas. O próximo passo é criar políticas públicas que permitam levar essa abordagem para as escolas públicas, talvez por meio de programas de imersão no contraturno escolar ou da criação de escolas bilíngues públicas.
Lições do Passado e Desafios Atuais
Iniciativas governamentais anteriores, como o programa Idiomas sem Fronteiras, mostraram que o governo federal está ciente da importância do inglês. No entanto, a solução exige uma política de Estado de longo prazo, com foco na base da educação.
Precisamos de um programa grande e contínuo de formação e intercâmbio para professores da rede pública, além de uma revisão do currículo escolar que priorize a comunicação em inglês. Isso significa que os alunos devem ter mais oportunidades de praticar a língua em situações reais, como conversas, apresentações e projetos colaborativos.
O Brasil está em uma encruzilhada, tendo em vista que ao tratar o ensino de inglês como algo secundário, o país está condenando as futuras gerações a um mercado de trabalho mais limitado e um papel menos relevante no cenário global. A baixa proficiência em inglês não é um problema cultural ou algo inevitável, mas sim o resultado de décadas de falta de atenção e de estratégias ineficazes na educação básica.
REFERÊNCIAS:
EF English Proficiency Index (EPI): https://www.ef.com/epi/
Agência Brasil (sobre pesquisa do British Council): https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2022-08/apenas-1-da-populacao-brasileira-tem-fluencia-em-ingles
Folha de S.Paulo (Análise sobre desigualdade): https://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2023/05/dominio-de-ingles-no-brasil-ainda-e-para-poucos-e-reforca-desigualdade.shtml
INEP / Censo Escolar: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica
Base Nacional Comum Curricular (BNCC): http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Associação Brasileira de Franchising (ABF): https://www.abf.com.br/numeros-do-franchising/
Pequenas Empresas & Grandes Negócios (sobre mercado de idiomas): https://revistapegn.globo.com/franquias/noticia/2024/01/mercado-de-escolas-de-idiomas-movimenta-r-15-bilhoes-e-aposta-em-tecnologia.ghtml
Exame (sobre pesquisa salarial da Catho): https://exame.com/carreira/salario-de-quem-fala-ingles-e-ate-70-maior-mostra-pesquisa/
PageGroup (Estudos de Remuneração): https://www.pagepersonnel.com.br/advice/pesquisas-e-insights/estudos-de-remunera%C3%A7%C3%A3o
Valor Econômico (Análise de carreira): https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/05/19/sem-ingles-nao-ha-carreira.ghtml
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📊 Com método estruturado: fluência em 6-12 meses
Estudando sozinho: média de 5-7 anos (quando alcançam)
✅ Comparação imparcial | Resultados reais